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Disfagia: como garantir nutrição e hidratação com segurança?

Disfagia: como garantir nutrição e hidratação com segurança?

Comer com disfagia pode ser cansativo e, muitas vezes, a dieta modificada parece não “sustentar” como antes. Como garantir que o corpo receba toda a nutrição necessária para manter força, energia e qualidade de vida? Continue lendo conferir algumas dicas e lembre-se: siga sempre as recomendações de um profissional de saúde!!

 

O desafio das dietas modificadas

Para tornar os alimentos seguros, muitas preparações acabam virando purês ou sopas muito processadas. Isso pode reduzir a variedade de nutrientes: proteínas magras viram cremes uniformes, e vegetais ricos em fibras perdem sua textura original (1).

Como resultado, a ingestão de calorias e de nutrientes essenciais pode ficar abaixo do necessário, pois o ato de comer e beber torna-se menos atraente e mais cansativo, o que compromete o funcionamento geral do organismo (2).

 

Estratégias com o nutricionista

O nutricionista é peça-chave na avaliação e recomendação de dietas personalizadas. A triagem nutricional rotineira em pessoas com disfagia permite identificar precocemente risco de desnutrição e desidratação (3).

Alguns recursos podem ser indicados pelo nutricionista para garantir a nutrição adequada em casos de disfagia (4, 5):

  • Enriquecimento de preparações: Acrescentar fontes calóricas e proteicas a purês e sopas sem alterar a consistência segura. Exemplos: adição de azeite extravirgem, leite em pó desnatado, ou suplementos de proteína em pó .
  • Fracionamento das refeições: Substituir três grandes refeições por cinco a seis porções menores ao longo do dia para facilitar a ingestão de volume e evitar a fadiga.
  • Variedade e sabor: Explorar temperos naturais (ervas, especiarias), caldos caseiros e combinações de cores pode tornar o prato mais apetitoso, mesmo dentro das limitações de textura.

E quando a comida enriquecida não basta?

Em muitos casos, a pessoanão atinge as metas nutricionais apenas com alimentos modificados. As fórmulas nutricionais especializadas — disponíveis em formatos de bebidas prontas ou cremes saborosos — Podem ser indicadas pelo profissional de saúdepara complementar a ingestão energética e proteica, contribuindo para o ganho de peso e melhoria do estado funcional. Muitas vezes, elas já estão disponíveis com consistência apropriada para quem possui disfagia ou são facilmente adaptáveis com espessantes (6).

 

Hidratação segura e eficaz
Líquidos comuns — água, chá, café, suco ou leite — são de fluxo muito rápido e, quando há alterações na deglutição, podem entrar nas vias aéreas e causar aspiração. Essa dificuldade faz com que a ingestão hídrica não seja atingida (7).

Para garantir segurança e volume adequado de líquidos em situações de disfagia, o profissional de saúde pode indicar:

  1. Espessantes (amido ou goma) permitem chegar a viscosidades “tipo néctar” ou “tipo mel”, facilitando a deglutição sem diminuir o total ingerido (2);
  2. Protocolos de “água livre”: além dos líquidos espessados, pode-se tomar água normal em horários seguros, orientado por profissionais de saúde. Por exemplo, entre as refeições e depois da higienização bucal (7).
  3. Umidificação oral: usar um borrifador com água gelada esterilizada para molhar os lábios e a língua alivia a sensação de boca seca e sede, sem risco de engasgo, já que não envolve engolir líquidos “de verdade” (7).

Acompanhamento contínuo

Consultas frequentes são fundamentais para adaptar o plano de tratamento conforme a evolução. Para isso, é necessário manter um registro de perda ou ganho de peso, avaliar sinais de desconforto (tosse, engasgos), e monitorar o consumo alimentar. Isso ajuda o nutricionista a ajustar quantidades, sabores e avaliar a necessidade de ingestão de fórmulas nutricionais especializadas (3, 8).

 

Mensagem final

Cuidar da nutrição na disfagia exige atenção e planejamento, mas com a orientação certa e as ferramentas adequadas conforme a indicação de um profissional de saúde — dietas enriquecidas com a textura adequada, fracionamento de refeições, utilização de fórmulas nutricionais especializadas quando necessário e hidratação segura — é plenamente possível manter a força e a saúde.

Conte sempre com sua equipe de saúde para construir um plano de tratamento personalizado e sustentável.

Referências


  1. Dock-Nascimento DB, Campos LF, Dias MCG, Fabre MES, Lopes NLA, Oliveira Júnior PA, et al. Dieta oral no ambiente hospitalar: posicionamento da BRASPEN. BRASPEN J. 2022;37(3):207–27.
  2. Flynn E, Smith CH, Walsh CD, Walshe M. Modifying the consistency of food and fluids for swallowing difficulties in dementia. Cochrane Database Syst Rev. 2018;9:CD011077.
  3. Volkert D, et al. ESPEN practical guideline: Clinical nutrition and hydration in geriatrics. Clin Nutr. 2022;41(4):958–989
  4. Burgos R, Wirth R, Guerrazzi F, et al. ESPEN guideline clinical nutrition in neurology. Clin Nutr. 2017;36(2):355–376.
  5. Secretaria Municipal de Saúde. Cartilha de orientação: cuidados com a pessoa com disfagia. [Belo Horizonte]: Prefeitura de Belo Horizonte; 2022.
  6. Milne AC, Potter J, Vivanti A, Avenell A. Protein and energy supplementation in elderly people at risk from malnutrition. Cochrane Database Syst Rev. 2009;2:CD003288.
  7. Cichero JAY. Hydration management in patients with dysphagia. Clin Nutr Highlights. 2012;8(3):2–9.
  8. Suiter DM, Leder SB. Clinical utility of the 3-ounce water swallow test. Dysphagia. 2008;23(3):244–250.