Quando o nosso corpo não consegue absorver ou ingerir os nutrientes necessários pela via oral, a nutrição enteral (NE) surge como uma opção para manter o estado nutricional.
Em vez de perguntar “qual comida preparar hoje?”, o foco passa a ser garantir que cada fórmula enteral ofereça exatamente as calorias, proteínas, vitaminas e minerais, ou seja, os nutrientes de que você precisa.
Vamos juntos entender, passo a passo, como funciona a nutrição enteral.
O que é nutrição enteral e por que ela é indicada?
A nutrição enteral (NE) consiste na administração alternativa de alimentos diretamente no trato digestivo (estômago ou intestino), na forma líquida e por meio de sonda, quando a alimentação oral não é suficiente ou não é possível(1,4).
Seus principais objetivos são(1,4):
- Corrigir deficiências nutricionais
- Evitar a desnutrição e a desidratação
- Recuperar ou manter o estado nutricional
- Melhorar a qualidade de vida
Para quem a nutrição enteral é indicada?
A NE é indicada sempre que o paciente tem o trato gastrointestinal funcional, mas não consegue ingerir ou absorver calorias e nutrientes pelo método convencional, ou seja, pela via oral (que se inicia na boca)(1,3).
Doenças neurológicas, traumatismo craniano, câncer de cabeça e pescoço, doenças gastrointestinais e outras doenças malignas estão entre as principais indicações da NE(1,2).
Sondas: tipos, cuidados e diferenças
A sonda é o canal que leva a dieta até o sistema digestivo. Para todos os tipos de sonda, cuidados essenciais incluem:
- Fixação adequada, para evitar deslocamentos;
- Troca periódica, seguindo as orientações do fabricante;
- Inspeção diária do ponto de entrada para sinais de inflamação ou infecção(3).
Confira abaixo os principais tipos de sonda(2,4).
Sondas de curto prazo (até 4 semanas)
As mais comuns são as sondas que entram pelo nariz, chamadas nasoentéricas. Elas podem ir até o estômago (nasogástricas) ou até o intestino delgado (nasojejunal).
A sonda nasojejunal pode ser indicada quando o estômago não está esvaziando direito, como em casos de digestão lenta (gastroparesia), ou quando há maior risco de refluxo e aspiração.
Sondas de longo prazo (mais de 4 semanas)
Quando a nutrição enteral precisa continuar por mais tempo, são indicados dispositivos de longa permanência.
Gastrostomia: por meio de um pequeno orifício no abdômen através de procedimento cirúrgico ou endoscópico (como a PEG), a sonda é colocada diretamente no estômago. É a principal opção para uso prolongado.
Jejunostomia: leva a alimentação direto ao intestino delgado e pode ser indicada quando o estômago não pode ser utilizado.
Diferença entre dieta artesanal e industrializada
As dietas artesanais são feitas com alimentos naturais e costumam ser mais acessíveis, mas apresentam maior risco de contaminação e variabilidade nutricional(1, 5, 6).
Já as dietas industrializadas são prontas (líquidas ou em pó), balanceadas e seguras, com composição fixa de nutrientes(4, 5).
Existe ainda a opção de dietas mistas, combinando alimentos naturais com módulos ou alternando entre dietas artesanal e industrializada(4).
Formas de administração: bolus vs. contínua
A escolha do método de administração da dieta enteral pode influenciar a tolerância, a eficácia nutricional e a segurança de cada paciente.
Na infusão em bolus, o volume total da dieta é dividido em quatro a seis administrações diárias, com volumes entre 200 e 400 mL, administrados ao longo de 15 a 60 minutos com seringa de 50 mL(2).
Já a infusão contínua com bomba de infusão permite a infusão segura de pequenos volumes de soluções por períodos variáveis de tempo. É ideal para fórmulas mais concentradas ou quando há necessidade de maior controle e segurança, especialmente em pacientes críticos, neonatais e pediátricos(2, 3).
Adaptação da casa para o cuidado com a nutrição enteral
Organizar o espaço torna o manejo mais seguro e menos estressante:
- Área limpa e dedicada, longe de poeira e animais;
- Suportes para bomba de infusão e frascos em prateleiras ou carrinhos;
- Iluminação que facilite verificar conexões e a pele ao redor da sonda;
- Kit à mão: gaze, antisséptico, luvas e seringas sempre em local visível;
- Checklist diário com horários de lavagens, infusões e trocas de curativo(3).
Conte com uma equipe de profissionais
A nutrição enteral é um tratamento médico, mas as decisões sobre as melhores práticas para cada paciente, bem como o seu acompanhamento, deve ser feita por uma equipe composta por diversos profissionais(1, 2, 4):
- Nutricionista: realiza a prescrição dietética, determina a composição e orienta sobre a preparação da nutrição enteral, quando for o caso.
- Médico: indica, prescreve e acompanha os pacientes em uso de nutrição enteral.
- Enfermeiro: realiza e garante a administração da dieta enteral e orienta os cuidados para a manutenção adequada da via de acesso enteral.
- Fonoaudiólogo: realiza prescrição da consistência alimentar adequada para uma nutrição segura, nos casos em que o paciente também se alimenta pela boca além da dieta enteral.
- Farmacêutico: orienta sobre o uso de medicamentos pela via enteral.
Em resumo, a nutrição enteral é uma aliada importante na recuperação e manutenção do estado nutricional de quem não pode se alimentar pela boca.
Lembre-se: cada detalhe conta para transformar o cuidado em um ato de carinho e responsabilidade.
Referências
- Bischoff SC, Austin P, Boeykens K, et al. ESPEN guideline on home enteral nutrition. Clin Nutr. 2020 Jan;39(1):5–22. doi:10.1016/j.clnu.2019.04.022
- Bischoff SC, Austin P, Boeykens K, et al. ESPEN practical guideline: Home enteral nutrition. Clin Nutr. 2021 Oct;40(4):858–885. doi:10.1016/j.clnu.2021.10.018
- Castro MG, Ribeiro PC, Nunes LBM, et al. Diretriz BRASPEN de Enfermagem em Terapia Nutricional Oral, Enteral e Parenteral. BRASPEN J. 2021;35(Supl. 1):–.
- Nestlé Health Science. Manual de orientação de terapia nutricional enteral. São Paulo: Nestlé Health Science; 2024.
- Ojo O, Adegboye ARA, Ojo OO, Wang X, Brooke J. An evaluation of the nutritional value and physical properties of blenderised enteral nutrition formula: a systematic review and meta‐analysis. Nutrients. 2020 Jun;12(6):1840. doi:10.3390/nu12061840
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